Ivonildo fala sobre percentual e sobre onde deve ser entregue
Por: Redação Creio - Danilo Aguiar
Um
texto publicado pelo portal CREIO em setembro deste ano reacendeu um
intenso debate sobre um assunto que é motivo de muitas discussões no
meio evangélico: a visão sobre o percentual estabelecido na lei de
Moisés sobre dízimo e onde ele deve ser entregue. Um artigo escrito pelo
pastor René Kivitz, da Igreja Batista Agua Branca, São Paulo, que
falava sobre ofertas e dízimo, causou ponderação de alguns fiéis,
líderes e pastores que discordaram de maneira veemente das ideias
contidas no texto.
Uma
destas pessoas é o pastor emérito da Igreja do Nazareno, consultor
financeiro e autor de 27 livros sobre finanças, Ivonildo Teixeira, que
pediu ao Creio um direito de resposta aos assuntos pontuados por Kivitz.
Em
uma entrevista exclusiva, Teixeira criticou alguns caminhos escolhidos
por pregadores a respeito do dízimo: “Por um lado extremista, o dízimo
virou ‘Trízimo’ e a oferta e dízimo são as mesmas coisas; pelo lado do
abuso bíblico, dependendo do valor da oferta terá como “brinde” o
cancelamento do dízimo, ou seja, caso o contribuinte persista em fazer
certas quantias estipulada pelo “líder espiritual”, receberá
imediatamente a “isenção” do dízimo. A crítica surge da declaração dada
por Kvitiz no artigo que diz que a pessoa que quer ofertar ou dizimar
por generosidade não faz contas: “Quem é solidário não faz conta:
reparte, compartilha, doa generosamente sem se preocupar com
percentuais. E justamente porque seu coração é generoso, se alegra em
doar sempre e cada vez mais”, falou.
Para
Teixeira, a bíblia deixa claro que o dízimo não pertence à pessoa e é
uma devolução a Deus de tudo o que foi proporcionado: “Quando estudamos a
raiz da palavra dízimo, entendemos claramente, "é a décima parte de um
valor", seja nas línguas maternas da Bíblia, Hebraico e Grego ("Maaser e
Dexáten) ou em qualquer idioma. A Palavra diz que o dízimo é santo ao
Senhor. Se ele não pertence a mim, logo, não posso usá-lo, preciso
devolvê-lo ao Eterno e com respeito, reverência e em um ato de gratidão e
Adoração”.
O
pastor critica também a visão de Kivitz sobre o local de entrega do
dízimo. Kivitz diz que “a riqueza deve circular para beneficiar o maior
número de pessoas, tanto através da estrutura organizacional da Igreja
quanto das redes de relações: comunitária, familiar e fraterna, que
existe ao seu redor”. Mas para Teixeira destaca que, a partir do
embasamento bíblico, há um lugar específico para entregar o dinheiro:
“Não vemos base na bíblia para o dízimo ser entregue nas mãos do
tesoureiro, muito menos nas mãos do pastor ou qualquer outro líder
religioso, nem também em casas filantrópicas, bases missionárias ou nas
sedes das denominações, projetos sociais de recuperação aos dependentes
químicos. A referência é que o valor deve ser entregue na casa do
Senhor, que entendemos no Novo Testamento ser a igreja, o templo que
frequentamos em comunidade”.
Confira abaixo a entrevista na íntegra realizada com o pastor Ivonildo Teixeira:
1. Qual a principal proposta do dízimo?
Quando
decorremos as Escrituras Sagradas e entendemos que toda ela, Velho e
Novo Testamento, é a Palavra de Deus (II Tm. 3.16), certificaremos que a
proposta do dízimo era na verdade o desejo de Deus revelar ao homem
alguns princípios de autoridade, o que uma vez praticado traria uma nova
e saudável relação do homem para com Deus:
1)
Obediência. O Eterno ordenou o dízimo, não temos que discutir Gn.
2.16-17;14.20, Ex.34.26; A palavra chave em toda a Bíblia é a
obediência.
2)
Gratidão. Deus tendo tudo dá ao homem o ar para respirar, saúde para
trabalhar, supre suas necessidades, o pão de cada dia. Por que o homem
não devolveria o dízimo como ato de gratidão? Gn. 28.18-22.
3)Honras.
O homem mais sábio da terra e que mais possuiu dinheiro oferecido pelo
próprio Deus, disse: Honra ao Senhor com os teus bens e com as primícias
de toda a tua renda, PV. 3.9-10. Honrar significa atribuir valor a Esse
Deus fantástico!
4)Fidelidade.
Deus é fidelidade! O rei Davi escreveu, "Os meus olhos procurarão os
fieis da terra..." Sl 101.6. Quando passamos a ter o caráter de Cristo,
percebemos que a nossa fidelidade se estende também na devolução da
parte sagrada: o dízimo, LV. 27.32
5)Adoração.
Livro de II Cr. 29.10-13, deparamos o rei Davi externando a sua
adoração com todo o povo ao fazer suas contribuições, mas ao mesmo tempo
dizendo, "Teu é o poder, a grandeza, honra, a vitória e a majestade..."
6)Dependência.
Ao devolver o dízimo ao Eterno, o homem revela a sua dependência
através da fé que ele deposita no Deus soberano e que de fato, a sua
vida está totalmente nas mãos de Deus; "Ao Senhor pertence à terra, e
tudo o que nela se contêm, o mundo e os que nele habitam. Tudo é dele,
nada temos. Sl. 24.1.
7)
Amor. Todo cristão ao conhecer a teologia da cruz, logo entende que foi
gerado pelo amor do Deus doador que presenteou o seu único filho como a
maior prova de amor, Jo 3.16. Diante de tanto amor, até os miseráveis e
avarentos se curvam diante do Eterno com uma pequena parte, porém
santa, o dízimo e por amor. Quem é gerado do amor, faz tudo com amor.
2. Qual o compromisso que o fiel deve ter com o dízimo?
Ser
imensamente agradecido a Deus pelo privilégio de poder devolver todos
os dízimos sagrados como dar ofertas generosas ao Senhor. Só isto e nada
mais. O que passar disso vem do maligno! Os homens honram proezas, Deus
a fidelidade! I Cr. 29.10-14; Pv 3.9-10.
3.
O dízimo precisa ser programado (uma porcentagem) ou deve ser dado de
acordo com a possibilidade financeira ou a generosidade? Na hora de
separar o dízimo é preciso tirar os 10% do salário ou ganho mensal?
Quando
estudamos a raiz da palavra dízimo, entendemos claramente, "é a décima
parte de um valor", seja nas línguas maternas da Bíblia, Hebraico e
Grego ("Maaser e Dexáten) ou em qualquer idioma. O problema é que há
muitos “mestres teólogos” ensinando aos fieis, que agora o dízimo passou
a ser "trízimo", como há outros que parecem ter uma procuração de Deus,
liberando o dízimo aos percentuais de 1% a 5% para facilitar a
"obrigação" de todos os contribuintes. Outros ensinam que você deve
entregar o dízimo como o seu coração mandar. Como também há outros que
afirmam que o dízimo é coisa ultrapassada, o dízimo morreu com a lei,
ninguém precisa se sentir culpado em não entregar o dízimo.
Tais
líderes estão delirando por falta de conhecimento bíblico, e outros
exprimindo “tanto" conhecimento e outros que nada sabem, mas querem
"ensinar", no final, todos acabam caindo no mesmo buraco. Quando um
líder não tem conhecimento do que fala ou escreve, a melhor coisa que
ele deveria fazer, é dizer eu não sei, ou no mínimo ficar com a boca
fechada. Seja o rico ou o pobre, quando estiver passando pelo vale
financeiro ou vivendo em tempos de fartura, o dízimo deve der devolvido a
quem de direito. Em nenhuma passagem na Bíblia, encontramos Deus
dizendo, "trazei os meus dízimos somente quando vocês puderem, quando a
crise passar, ou se a sua situação melhorar". Nem em caso de
necessidades, dá um desconto nos dízimos, fazendo uma promoção, ou
quando a "safra tiver boa, faz um trízimo" e como brinde dá um livro,
uma bíblia. Nada disso! Deus nunca negociou os dízimos e as ofertas.
Aliás, em Dt. 12.11-12, Deus até pedia ofertas votivas ao seu povo;
oferta essa que era oferecida em tempos de crise, e mais, com um
detalhe, "e vos alegrareis".
O
salmista Davi no conhecido Salmo 23.1, diz, "o Senhor é o meu pastor e
nada me faltará...ainda que eu ande até pelo vale da sombra da morte".
No livro best-seller sobre o dinheiro na Bíblia, a orientação deixada e
como uma ordenança é, "Trazei todos os dízimos..."(Ml.3.10) não
simplesmente o dízimo do salário, mas de todos os rendimentos lucrativos
que um servo fiel recebe do Eterno. Abraão devolveu os dízimos de tudo(
Gn. 14.18). Jacó votou, de tudo quanto tu me deres, certamente darei o
dízimo (Gn. 28.22). Quem é honesto com Deus, ao receber o seu salário, o
décimo terceiro, o Fundo de Garantia, horas extras, negócios
lucrativos, a venda de uma propriedade, uma herança recebida, tudo o que
vier às suas mãos, ele separa o dízimo e com a maior alegria, pois além
do dever, sente-se feliz por saber que está investindo no reino que
jamais terá fim.
4. O dízimo atrasado deve ser quitado?
Alguns
líderes acham que se a igreja aceitar os dízimos atrasados, tal atitude
caracterizará como se fosse uma cobrança. Na minha visão, a questão
passa longe de cobranças, e sim de consciência, quem deve precisa
reconhecer o que deve e a quem deve e acertar a sua vida; isso também é
uma questão de caráter. A guisa de exemplo, compro em uma loja alguns
objetos, peço para dividir em algumas parcelas, pago a primeira, mas
depois me escuso pagar o restante por estar apertado ou não ter sobrado
dinheiro para saldar aquela dívida. Isso revela uma série de problemas:
falta de caráter, vida desorganizada, sem planejamento, vida sem
palavra, pessoa não confiável. O dízimo é santo ao Senhor (Lv. 27.32),
se ele não pertence a mim, logo, não posso usá-lo, preciso devolvê-lo ao
Eterno e com respeito, reverência e em um ato de gratidão e
adoração(Gn14.18). Quando o povo de Deus atrasava ou usava o dízimo, a
orientação era, "coloque um quinto a mais", ou seja 20% (Lv 27.31).
Quem
discorda ironiza com o "velho discurso" de a citação não procede, de é
Velho-testamentária, está em Levítico, lei, puro legalismo. Para você
que raciocina assim, chamo a sua atenção a este texto que está entre
dois textos que afirmam que o dízimo é santo ao Senhor (Lv 27. 30, 32)
Deus é tão fantástico que para os que gostam das análises profundas, as
chamadas hermenêuticas, que, se tais 'analistas das coisas celestiais',
ainda que quisessem anular tamanha verdade, esbarrariam exatamente nas
ferramentas que aprenderam com a valiosa matéria Hermenêutica: tanto o
contexto anterior (Lv 27.30) como o posterior (Lv 27.32) afirmam que o
dízimo é Santo ao Senhor. No Livro dos Judeus, a "Torá", a expressão é o
dízimo é SANTIDADE AO SENHOR.
5. Onde o dízimo deve ser entregue?
Vamos
mais uma vez para a Bíblia, nada de opinião pessoal. Ex 34.26, Dt
12.6,11,12. Um lugar específico, A CASA DO SENHOR TEU DEUS. A minha casa
será chamada casa de oração (Mc 11.17). Não vemos base na bíblia para o
dízimo ser entregue nas mãos do tesoureiro, muito menos nas mãos do
pastor ou qualquer outro líder religioso, nem também em casas
filantrópicas, bases missionárias ou nas sedes das denominações,
projetos sociais de recuperação aos dependentes químicos. É casa do
Senhor Deus mesmo, que entendemos no Novo Testamento ser a igreja, o
templo que frequentamos em comunidade (At 2.46).
6. O dízimo é uma forma de ensinar como você deve administrar a sua vida financeira?
Com
certeza. A boa administração parte do principio do maior consultor
financeiro que já pisou na terra, Jesus Cristo: "Buscai em primeiro
lugar o meu reino... e as demais coisas vos serão acrescentadas", Mt. 6.
33. Quem é zeloso na fidelidade, será acumulado das benesses do Eterno
em sua vida. Quando Deus percebe que ao colocar 100% nas mãos de um
filho seu, o mesmo com toda maestria administrativa já separa a parte
sagrada, o dízimo que na verdade é mais que um dever, e, além disso,
ainda faz ofertas generosas, Deus, conclui que este filho saberá
administrar tudo o que vier às suas mãos. O famoso pregador D.L.Moody
afirmou: “Cuida da tua integridade que Deus cuidará da tua
prosperidade". Se o homem prioriza a Deus em suas finanças, entende-se
que tal dizimista lança nos braços de Deus na certeza de que será
assistido por Deus também na sua vida financeira.
7. Como administrar os dízimos que foram consagrados ao Senhor?
Cada
igreja possui uma administração formada por homens que foram achados
competentes, fieis e generosos. Eles juntamente com o pastor presidente,
são as pessoas autorizadas a administrar com sabedoria todas as doações
feitas como a entrega dos dízimos. Certamente, as igrejas
escriturísticas, investirão nos pastores que presidem bem, famílias
necessitadas não só da igreja, mas a todos que vão além dos nossos
olhos, nas obras missionárias, na evangelização, na expansão do reino. E
as construções dos templos? Por que você não as incluiu nas listas,
perguntaria alguém? Todas as vezes que a Bíblia menciona em construção, o
que Deus pedia para a conclusão das mesmas eram ofertas e nunca
dízimos, é só conferir: o Tabernáculo: Ex 35.1-9; 20-29; 36.1-7, e o
templo construído por Salomão: I Cr 29.1-22, a reconstrução dos muros (Ne 7.70-73).
Data: 18/10/2012 Fonte: Creio
Nenhum comentário:
Postar um comentário