sábado, 18 de dezembro de 2010

A evolução do dinheiro

O dinheiro, como conhece hoje, nem sempre existiu – a moeda é o resultado de uma longa evolução nas relações comerciais. Antigamente não existiam cédulas, o dinheiro no formato de papel ou ainda no formato do comércio eletrônico. As compras e vendas se davam através de trocas de mercadorias e qualquer prestação de serviços era paga também através de mercadorias. Essa troca de mercadorias é o que a história chamou de escambo.
O escambo foi à primeira forma de comércio praticada pela humanidade. O escambo original era a simples troca de uma mercadoria por outra, sem equivalência de valor e sem a presença de dinheiro. Por exemplo, uma pessoa ou um grupo que colhesse arroz além do necessário à sua sobrevivência, naturalmente faria escambo com alguém ou um grupo que pescou além do necessário (isso ainda pode ocorrer entre povos de economia primitiva nos dias de hoje).

O escambo utilizava-se de mercadorias em seu estado natural, e por não existir um parâmetro para avaliar o real valor de cada tipo de mercadoria, as pessoas viram-se em certa dificuldade no momento de fechar os negócios. Com isso as mercadorias que tinham mais utilidades passaram a ser mais procuradas e consequentemente tiveram seu valor elevado. Essas mercadorias aceitas por todos, assumiram a função de moeda da época, sendo consideradas como moeda-mercadoria, circulando como elemento de troca e base de referência para avaliação dos demais produtos.
Uma das moedas-mercadorias mais usadas foram os animais, principalmente o gado bovino, já que apresentava vantagens de locomoção própria, reprodução e prestação de serviços, mesmo apesar do risco de doenças fatais e a estimativa de vida pré-determinada. Um outro tipo de moeda-mercadoria foi o sal, devido ao potencial de conservar os alimentos e sua difícil obtenção nas regiões mais interioranas. Tanto o gado como o sal influenciou o nosso vocabulário: pecúnia (dinheiro) e pecúlio (dinheiro acumulado) que derivam do latim pecus (gado); a palavra capital (patrimônio) vem do latim capita (cabeça); a palavra salário (remuneração normalmente em dinheiro) tem sua origem no uso do sal para o pagamento de serviços prestados na Roma antiga.

Com o passar do tempo, percebeu-se que praticamente todas essas mercadorias apresentavam o problema de não permitir o acúmulo de riquezas por serem facilmente perecíveis. A única mercadoria possível de se acumular, sem problemas de perecimento, era o metal, originalmente usado na fabricação de utensílios e armas anteriormente feito de pedra desde os primeiros anos de existência humana. Por apresentar essa vantagem de entesouramento, além da divisibilidade, da raridade, da facilidade no transporte e da sua beleza, o metal passou a ser considerado o principal padrão de valor. Era trocado sob seu estado natural até passar a ser trocado já em forma de barras, ou objetos como anel e utensílios diversos, o que exigia checagem do peso e avaliação do grau de pureza a cada troca comercial realizada.
Qualquer bem poderia servir como elemento de troca, como por exemplo, o gado, as terras, as artes, os metais preciosos ou qualquer outro objeto ou outro animal. Para avaliar a riqueza de alguém, era preciso estabelecer a quantidade de bens materiais que a pessoa possuía. A bíblia diz que Abraão foi uma pessoa muito rica:

“Era Abrão muito rico; possuía gado, prata e ouro.” (Gênesis 13: 2)

O metal, mais tarde, ganhou forma definida e peso determinado, recebendo marca indicativa de valor e marca do responsável pela sua emissão. Isso deu agilidade nas transações comercias já que dispensava a pesagem e permitia a imediata identificação da quantidade de metal oferecido na troca. O resultado disso foi que o metal passou a ser considerado uma mercadoria muito desejada.

A produção do metal exigia conhecimento das técnicas de fundição e conhecimento das reservas naturais e, por isso, essas tarefas não estavam ao alcance de todos. A sua valorização, cada vez maior, fez com que esses instrumentos de troca, que já eram utilizados como moedas, passassem a ser utilizados como dinheiro através de réplicas de objetos metálicos de pequena dimensão, como o talento (moeda de cobre ou bronze em formato de pele de animal), encontradas no oriente médio, na Grécia, Itália e em Chipre.

Finalmente no século VII a.C. surgiram as primeiras moedas com as características das que conhecemos hoje: pequenas peças de metal com peso e valor definidos e com a impressão oficial daquele que a emitiu, de forma a garantir o seu valor.

As moedas passaram a refletir a mentalidade dos governos da época, sendo observados nelas os aspectos políticos, econômicos, tecnológicos, culturais e de personalidades da época. Provavelmente, a primeira efígie impressa em uma moeda, ocorreu na Macedônia, através da figura de Alexandre o Grande, por volta de 330 a.C.

No princípio não havia a fabricação em série e em medidas simétricas umas as outras como ocorre hoje. Antes, as moedas eram fabricadas por processos manuais e rústicos, e tinham sua aparência irregular.

Os primeiros metais usados na cunhagem de moedas foram os ouros e a prata, e isso se manteve por muitos séculos, sendo as peças avaliadas pelo próprio valor comercial do metal empregado na confecção (o chamado valor intrínseco). Por exemplo, se para a cunhagem da moeda fora usada dez gramas de ouro, essa moeda valia exatamente as dez gramas nela empregada.

Por muito tempo os países cunharam em ouro suas moedas de maior valor, deixando a prata e o cobre para as moedas de menor valor. Essa prática de manteve até o século XX, quando outras ligas metálicas começaram a ser usadas na confecção, sendo as peças avaliadas pelo valor gravado na sua face, e não mais pelo tipo de metal (o chamado valor extrínseco). Ou seja, não importava a quantidade de ouro ou outro metal que fora usada em determinada cunhagem de moeda, já que o valor da moeda era o que estava gravado nela.

Na idade média, surgiu o costume de se guardar os valores com um ourives (pessoa que negociava ouro e prata), que como garantia entregava um papel como recibo. Com o tempo, esses recibos passaram a ser utilizados para efetuar pagamentos, circulando de mão em mão, dando origem ao papel moeda. E com o surgimento da moeda de papel, a cunhagem de moedas metálicas ficou restrita a valores pequenos, que mais tarde seriam usados apenas como trocos.
Conforme o tempo passava, os governos conduziram a emissão das moedas (em metal ou em papel), controlando as falsificações e garantindo o poder de pagamento, além de retratar a cultura do país, a paisagem, a fauna e flora, arquitetura, líderes políticos, fatos históricos, etc.

(fonte: www.bcb.gov.br – Banco Central do Brasil)



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