Sites vendem brinquedos eróticos para casais religiosos
Sexo e religião combinam? Na
opinião de alguns empresários do mundo virtual, a resposta é um sonoro
“sim”.
A mistura de desejos
carnais com a devoção a uma doutrina religiosa tem se mostrado lucrativa para os
donos de sex shops religiosos. O que à primeira vista parece ser um
contrassenso, na verdade, se trata do mais novo filão explorado pelo mercado
erótico.
Sites que comercializam
produtos sensuais (e sexuais) especialmente para casais cristãos, judeus ou
muçulmanos estão fazendo sucesso na web.
A diferença de um sex shop
religioso para um convencional reside na discrição. Na versão mais puritana
desse tipo de comércio, pornografia, textos de baixo calão e embalagens com
imagens ofensivas (leia-se: com nudez ou representações do ato sexual) estão
proibidos, independentemente da orientação religiosa.
Em vez de apelar para a
linguagem sexy, os produtos são exibidos em seções cuidadosamente batizadas de
Good Vibrations (boas vibrações), Intimacy Aids (aliados da intimidade) ou
Enrichment Products (produtos enriquecedores). Apesar do tom suave, no entanto,
o inventário desses sites lembra muito o de um sex shop pagão. Vibradores, géis
lubrificantes e lingeries não faltam. Só não estão presentes alguns itens que
poderiam atentar contra as leis de moral de cada religião.
Um dos primeiros sex shops
voltados ao público cristão, o Covenant Spice (tempero combinado, em tradução
livre), vende centenas de produtos eróticos por mês. Fundada por um casal
católico dos Estados Unidos, a loja tem como objetivo “oferecer acessórios
sensuais divertidos e de alta qualidade que permitam a casais cristãos
expressarem todo o amor e comprometimento que compartilham”, segundo o texto
publicado no site.
Desde o seu surgimento no
mundo virtual, contudo, outras iniciativas similares começaram a ganhar
popularidade. É o caso dos sex shops Hookin’ Up Holy (namorando de forma
sagrada) e Intimacy of Eden (intimidade do éden), também cristãos, da loja
voltada ao público judeu Kosher Sex Toys (brinquedos sexuais kosher) e do
empreendimento direcionado a seguidores do islamismo intitulado El Asira (a
sociedade, em árabe). Em comum, todos têm como público-alvo discípulos
heterossexuais e oficialmente casados.
Sites como Kosher Sex Toys
(judeu), Hookin’Up Holy e Covenant Spice (cristãos) e El Asira (islâmico)
oferecem acessórios para incrementar as relações sexuais
Para o sheik Jihad Hassan
Hammadeh, presidente do conselho de ética da União Nacional das Entidades
Islâmicas do Brasil, sites como o El Asira podem trazer benefícios a casais que
professam o islamismo, desde que não haja incentivo à promiscuidade ou à
imoralidade. “É natural que homens e mulheres busquem uma vida sexual saudável e
isso é imprescindível para um bom matrimônio”, diz
Hammadeh.
O sheik explica que, dentro
da religião islâmica, o sexo não é um tabu, pois a educação sexual faz parte da
formação de meninos e meninas. “Segundo o Alcorão, o sexo só deve ser realizado
dentro do casamento, mas ele não tem como objetivo apenas a reprodução. O
prazer, tanto do homem quanto da mulher, é muito importante.”
Na opinião do rabino Ruben
Sternschein, da Congregação Israelita Paulista, são positivas todas as
iniciativas que busquem fortalecer os vínculos entre as pessoas em geral.
“Agora, se brinquedos de sex shop fortalecem a união entre um homem e uma mulher
que se amam, vai depender de cada casal”, afirma Sternschein, que explica que a
tradição judaica não entra em detalhes sobre a intimidade sexual dos casais.
“Usar ou não contraceptivos ou optar ou não por determinadas práticas sexuais
depende de cada linha do judaísmo.”
Já na visão do padre Márcio
Fabri dos Anjos, doutor em teologia moral pela Pontifícia Universidade
Gregoriana de Roma (Itália), a boa relação entre duas pessoas dentro da
instituição do casamento está mais relacionada ao respeito mútuo do que ao uso
de objetos. “Me parece que esses sites têm como objetivo oferecer um produto de
consumo, que não é o caminho para uma boa relação sexual”, diz Anjos.
Data: 14/5/2012 08:58:02Fonte: NC
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