Em entrevista, líder americano fala do Evangelho da Prosperidade
Joel Osteen não gosta de levantar
polêmica; ele é conhecido por sua cordialidade, positividade, pela abordagem do
Cristianismo de que Deus quer abençoar a todos, o que lhe proporcionou milhões
de seguidores em todo o mundo e uma igreja que hoje é a maior e a que tem o
crescimento mais rápido na história dos EUA.
Mas apesar de seu esforço contra
qualquer tipo de exclusão e pela inclusão de todos, Osteen tem, na verdade,
isolado um segmento de evangélicos que o acusam de enfraquecer o Evangelho e
pregar um “Evangelho açucarado”.
O jornal americano The
Christian Post se encontrou com Osteen no estádio de baseball Nationals Park, em
Washington, na 6ª. feira - um dia antes do evento “A Noite da Esperança da
América” (que foi transferido para o domingo devido ao mal tempo) - para
conversar sobre a sensação geral de que ele é o representante do Evangelho da
Prosperidade, as dificuldades que ele enfrenta como pastor e como ele pretende
transferir a liderança da igreja de Lakewood.
A
seguir, um trecho editado da entrevista.
Os
eventos da Noite da Esperança têm sido muito bem sucedidos em relação aos
números, chamando a atenção de milhares de pessoas. Como você gostaria que
estivesse a Noite da Esperança ou o Projeto Geração da Esperança, o qual é
ligado, em 5 anos?
Eu
espero vê-los crescendo e com muito sucesso e, no caso do Geração da Esperança,
ainda há muito espaço para crescer. Estamos apenas no início, em vez de 500
voluntários, talvez no próximo evento teremos 5.000 e, de fato, emocionando a
comunidade. No que diz respeito ao Noite da Esperança, eu adoro dar às pessoas a
oportunidade de fortalecer a sua fé e é por isso que fazemos esses encontros em
grandes estádios.
Você
falou em seu livro que seu pai passou muito tempo na Índia ministrando. A Igreja
de Lakewood vai levar adiante a paixão de seu pai pelo trabalho do ministério no
exterior? Como?
Sim,
nós já o fazemos. A principal missão do meu pai no exterior era formar pastores
e isso nós ainda fazemos, de uma outra forma. Eu não viajo muito como meu pai
fazia, mas nós ainda mandamos materiais e também temos muitas missões para
assistência médica. Meu irmão é cirurgião e temos muitas outras equipes de
médicos na igreja, que vão a diferentes países para trabalhar, levar suprimentos
e coisas assim. Por isso, nós acreditamos que somos abençoados por poder
estender a mão a quem precisa.
Você
viu esse livro? É o novo livro do colunista do New York Times, Ross Douthat,
chamado "Má religião: Como nos tornamos uma nação de heréticos". E você faz
parte desse livro...
[Risos] Não é uma coisa boa, é? Não ouvi
falar, não.
Bem,
é um livro novo, foi lançado na semana passada e tem um capítulo chamado "Ore e
fique rico" - Capítulo 6 - e ele inicia o capítulo citando você. Ele fala que
você ora um evangelho animado que diz que "Deus dá sem exigir nada em troca,
perdoa sem julgar e dá as recompensas ainda nesta vida. ...Osteen incorpora o
remodelamento do Cristianismo, para se adaptar a uma época de abundância, na
qual a antiga guerra entre religião e dinheiro parece ter acabado, para muitos
crentes, criando uma união entre Deus e os bens materiais”. Resumindo, Douthat
fala que você incorpora o Evangelho da Prosperidade e promove a heresia ao
Cristianismo. Você se considera um pregador do Evangelho da Prosperidade? Isso é
uma heresia?
Eu
não me considero um... Eu realmente não sei o que é o Evangelho da Prosperidade.
A forma como eu defino é que eu acredito que Deus quer que você tenha
prosperidade na sua saúde, na sua família, nos seus relacionamentos, nos seus
negócios e na sua carreira. Eu também... se isso é o Evangelho da Prosperidade,
então eu acredito.
Eu
não acredito que nós devemos passar pela vida derrotados e sem dinheiro para
pagar nossas contas ou a escola de nossos filhos. Então, quando eu escuto uma
coisa dessas, eu penso que não pode ser para mim, ele não me conhece, nem sabe o
que eu ensino. Porque ele diz que Deus não acredita nisso...que Ele não exige
nada, eu não quis dizer isso, porque eu sempre falo que Deus recompensa a
obediência. Quando você O segue, a Bíblia diz que as Suas bênçãos vão te
perseguir e envolvê-lo.
Minha
vida é um exemplo disso. Eu vi a bondade de Deus. Eu não considero o Evangelho
da Prosperidade...Eu não creio que ele tenha me julgado corretamente. Às vezes
as pessoas pegam uma coisa aqui, outra ali... Mas eu sempre falo sobre
julgamentos, sofrimento, de você dar o seu melhor mesmo quando suas orações não
são atendidas.
Cristãos,
você acha que é verdade? Você acha que esse número pode ser maior ou
menor?
Eu
acho que o problema, ou dificuldade, está na definição de Cristão. Se algumas
pessoas me dizem que se eu sou norte-americano, que eu sou cristão – eu não
necessariamente vou acreditar nisso. Eu creio que um cristão é uma pessoa que
acredita no Senhor e que é um seguidor de Cristo, eu acho que esta é a
diferença.
As
pessoas têm uma definição diferente de Cristianismo. Acho que uma grande parte
de nossa população é cristã, eles não desenvolvem a sua fé, não são muito
praticantes, mas creio que muitas pessoas acreditam em Jesus e acreditam que Ele
é nosso Senhor e Salvador.
Qual
você acha que foi o principal problema que causou a queda da Catedral de
Cristal?
Bom,
eu não sei muitos detalhes sobre isso. O que eu sei é que os Schullers são boas
pessoas. Eu encontrei o Dr. Schuller e a família e eles amam ao Senhor e têm
feito muitas coisas boas pelo Cristianismo. E nós sentimos muito ao vê-la cair.
Eu acho que houve alguma divisão dentro da igreja, mas eu fiquei muito triste
quando isso aconteceu, porque eu amo os Schullers.
De
qual pregador você gosta de ouvir sermões? Há algum em
particular?
Ah,
são muitos e não gostaria de dar nomes porque posso deixar alguém de fora. Mas
sempre ouço diferentes ministros, de todas as categorias, alguns dos mais velhos
nem estão mais vivos – como meu pai. Mas existem muitos contemporâneos e, de
novo, tenho receio de deixar alguém de fora, mas estou sempre escutando vários
deles.
Você
diz abertamente que não fez nenhum seminário de treinamento, não sei se isso
mudou. Mas você pode falar como você acha que o treinamento teológico pode
ajudar o pastor a pregar o Evangelho, e se ele pode
atrapalhar?...
Claro,
creio que seja útil para entender melhor a Bíblia. Se eu iniciasse a carreira de
ministro hoje, se eu fosse jovem, com certeza eu gostaria de ir a seminários. Só
que não foi assim comigo. Acho que, acima de tudo, é muito importante aprender
melhor a Bíblia. É claro que eu acho que às vezes você pode aprender coisas que
podem te afastar de quem você realmente é. Mas eu acho que como um todo, sou a
favor de que as pessoas vão para o seminário e estudem mais. Acredito que seja
muito útil.
Temos
visto em todos esses anos que você faz um trabalho maravilhoso, que ecoa nas
pessoas, compartilhando o Evangelho. O que você acha desses dizeres: “Eu sou o
caminho, a verdade e a vida, ninguém chega ao Pai senão por meu intermédio” e
"no mundo tereis tribulações” – como você ensina a verdade dessas
mensagens?
Bem,
no final de cada culto eu chamo as pessoas ao altar para que elas possam
professar a sua fé. Eu estava lendo a Bíblia, há uns dois dias atrás, e uma
tradução dizia que Jesus disse que "se você me reconhecer publicamente diante
das pessoas, eu te reconhecerei diante de meu Pai no céu". Então, há uma grande
parte dentro desses encontros (Noite da Esperança) onde as pessoas têm a
oportunidade de dizer: "Jesus, eu creio que és o Messias, és o Cristo, meu
Senhor". Então, é assim que eu transmito as escrituras. E mostrando às pessoas
que eu creio que Jesus é o único caminho. Se você não acredita, tudo bem, mas eu
acredito nisso e é assim que eu reforço a minha fé.
Estas
escrituras que você citou dizem que nesse mundo você terá muitos problemas,
provações e sofrimento, mas elas também dizem das alegrias que você terá ao
vencer os obstáculos. Uma parte da minha mensagem diz que Deus não falou que nós
nunca passaríamos por dificuldades, mas Ele disse para enchermos nossos corações
de alegria, e eu vou te ajudar a vencer. Eu acho que é isso que ecoa nas pessoas
e ajuda a chamá-las à atenção para isso. Porque essa não é uma mensagem que você
mal consegue seguir, você é uma vítima. Nós não somos vítimas, somos
vitoriosos.
Qual
a pior parte em ser um pastor da sua importância e popularidade? Nós sempre te
vemos sorrindo, mas às vezes você sente vontade de
desistir?
Às
vezes você se sente desencorajado e as coisas parecem ir contra você, mas eu não
sei se eu já pensei em desistir alguma vez. Eu acho que uma das coisas mais
difíceis é quando eu estou ministrando aos domingos e eu tenho que ter uma
palavra nova, tenho que ser prático, preciso manter a atenção das pessoas e
assim, tudo novamente, dentro de sete dias. Então, acho que você deve sempre se
renovar, esta é provavelmente a coisa mais difícil, estar em equilíbrio,
renovado e dar o seu melhor enquanto está lá em cima
ministrando.
Você
já planejou como vai ser a entrega da liderança da sua
igreja?
Não,
eu não acho que eu tenha planejado, mas já pensei nisso e preparei em minha
cabeça e em meu ministério quais passos eu devo dar. Mas eu ainda tenho 49 anos,
sou jovem ainda, eu faria diferente do que fez meu pai. Ele não promoveu ninguém
abaixo dele. Aos 77 anos ele ainda ministrava. Não estou dizendo que não
ministraria em algum lugar, mas, à minha maneira, eu gostaria de ter alguém
comigo dentro de 10 ou 15 anos, e gostaria que fosse o meu
filho.
O
senhor gostaria de acrescentar algo sobre a Noite da Esperança ou alguma outra
coisa?
Não,
acho que é só. Estou muito feliz em estar aqui em Washington. Viemos porque é um
ano de eleições e a política está muito dividida, é quase 50/50. E nós pensamos
que seria um bom ano para tentar trazer unidade. As escrituras dizem que Deus
abençoa os homens que andam unidos, então nós pensamos que seria bom para nós
ficarmos juntos, Democratas e Republicanos, crentes e não crentes, todos os
diferentes estilos de vida e dizermos: ”Olha, estamos aqui esta noite para
celebrar a bondade de Deus”.
Data: 9/5/2012 10:01:06Fonte: Christian Post
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